Au Pair na Holanda

Além dos Estados Unidos, diversos países também oferecem o programa de Au Pair. Em uma série de reportagens, o blog De Carona irá explorar como funciona o programa de intercâmbio em países da Europa, como Holanda e Alemanha, além do depoimento de uma atual Au Pair na China.

Fonte: Arquivo Pessoal de Suélen Rodrigues

Suélen Rodrigues e Isabella Kawassaki são ex au pairs na Holanda. Suélen decidiu fazer o intercâmbio após voltar para o Brasil, depois de dois anos como au pair nos Estados Unidos. Gostou tanto do programa e da experiência de ter um país inteiro disponível para explorar, que optou pela Europa como seu próximo destino.

A facilidade de se deslocar pelos países da Europa, o preço do transporte e a quantidade de programas culturais disponíveis também foram fatores decisivos na escolha de Suélen pela Europa. O motivo da escolha do novo país foi pelo estilo de vida que os holandeses levam, além do limite de idade para as au pairs ser maior: até 30 anos. "Eu nunca dirigi carro lá. Sempre andava de bike. Eu sou apaixonada pelo estilo de vida deles, admiro demais aquele país. O problema de lá é a língua e o clima feio na maior parte do tempo. A Holanda tem um transporte público muito bom, mas os trens vivem atrasados! O transporte é integrado no país inteiro, então com o meu cartão eu conseguia pagar o trem, ônibus e tram (bonde). Eu pagava uns 32 euros por mês e podia usar o trem de graça durante o final de semana inteiro. Durante a semana, fora do horário de pico, eu ganhava 40% de desconto. Então é muito fácil explorar o país. Eu visitei muitas cidades, ainda mais considerando o tamanho do país né." Em relação ao idioma, Suélen afirma que o inglês foi mais do que suficiente na maioria das vezes, e que embora tenha aprendido algumas palavras em holandês, nunca se empenhou em aprender o idioma fluentemente.

Fonte: Arquivo Pessoal de Suélen Rodrigues

"Eu tinha também o cartão de museu que na época paguei 60 euros e tinha direito a entrar em todos os museus públicos da Holanda (mais de 400) de graça! Fui 2 vezes no Van Gogh, 2 vezes no Rijks, dentre outros." - Suélen Rodrigues

De volta ao Brasil, hoje Suélen trabalha em uma agência de intercâmbios, a TravelMATE, que oferece o programa de au pair para diversos países, incluindo a Holanda. Os requisitos são:

• Idade: 20 a 30 anos
• Inglês: Nível Avançado (avaliação com a Travelmate)
• Já ter completado o programa de Au Pair EUA
• Ensino Médio completo
• Gostar de crianças e comprovar experiência com o certificado recebido no programa de Au Pair EUA
• Saber andar de bicicleta
• Ter pelo menos 1.60 cm (para dirigir as cargo bikes)
• Ser solteira e sem filhos
• Disponibilidade para ficar 1 ano na Holanda

Suélen enfatiza a importância de já se ter feito o programa de au pair nos Estados Unidos: "Eu recomendo que a pessoa que quer ir para a Holanda, vá primeiro para os Estados Unidos, principalmente se o inglês ainda não está 100%. E também porque na Holanda pode ir até com 30 anos." Isabella Kawassaki conta que um dos motivos que a fez escolher o país foi a facilidade durante todo o processo: "A Holanda é um dos países com requisitos mais tranquilos, o limite de idade é de 30 anos e quase não existem exigências em relação à documentação. O processo em 2013 era bem tranquilo e pouco burocrático. Encontrar a família foi relativamente fácil, na época não existia uma procura muito grande pela Holanda e as famílias não eram muito exigentes. A minha família foi a segunda família com quem conversei e eles rapidamente tomaram a decisão pois conversaram somente com mais uma menina que não sabia dirigir. Pra eles não era obrigatório, mas como eu sei, era uma vantagem caso surgisse a necessidade algum dia."

Fonte: Arquivo Pessoal de Isabella Kawassaki

Tanto Suélen quanto Isabella foram au pairs na Holanda através da agência HBN, por ser a mais conhecida entre au pairs brasileiras e com o valor mais em conta. Quando Isabella foi au pair, a obrigatoriedade de se utilizar uma agência ainda não era prevista por lei, porém quando Suélen foi para a Holanda a regra já havia mudado. "No final de 2012, início de 2013 ainda não havia obrigatoriedade de ter uma agência, mas logo em seguida mudaram a lei e agora todas as famílias e au pairs só conseguem fazer o processo por agência. Algumas ainda preferem encontrar e selecionar as au pairs por conta própria e utilizar as agências somente para dar entrada na documentação com a imigração. Inclusive existem agências especializadas somente nesse serviço. Não oferecem nenhum tipo de serviço de match, somente o processo burocrático perante a imigração." Isabella conta.

Fonte: Arquivo Pessoal de Isabella Kawassaki

Em relação ao salário, ambas afirmam que é suficiente para custear o lazer no país, mas que para viagens internacionais, é preciso se programar. A remuneração é a partir de 340 euros por mês, e a carga horária não pode ultrapassar 30 horas de trabalho semanais. Além disso, é obrigatório pelo menos 1 final de semana completo de folga por mês. "O salário se não me engano era de 300 a 340 euros por mês e existia um valor obrigatório de 10 euros de telefone por mês. Não é muito, mas é suficiente. Não dá pra juntar dinheiro e voltar com um pézinho de meia, ou comprar muito. Mas dá pra viajar e pra curtir tranquilamente a vida holandesa." lembra Isabella. 

Já Suélen se programava sempre para aproveitar o tempo de folga para viajar o quanto o salário permitisse. "Além das 2 semanas de férias (que eu tirei em julho porque a host family sempre viaja nessa época), eu também tive várias outras épocas de feriadão ou semanas de férias. No total acho que foram no mínimo umas 5 semanas de férias remuneradas que eu tive, o que me possibilitou viajar por uns 15 países diferentes. Eu não teria conseguido isso somente com o salário de 340 euros. Eu tinha um dinheiro guardado no Brasil e gastei muito com viagens, pois esse era o meu grande objetivo. É possível viajar sim somente com o que se ganha lá, mas aí você não vai conseguir ir pra tantos lugares. A não ser que você se programe com muita antecedência, leve comida de casa e fique em couchsurfing."

Fonte: Arquivo Pessoal de Suélen Rodrigues

E quanto é o investimento feito pelas futuras au pairs que desejam se aventurar pela Holanda? A agência requer um pagamento de 34 euros - isso mesmo! Esses 34 euros incluem as taxas administrativas da agência, o seguro-saúde para o período do programa, o teste de avaliação do nível de inglês, uma reunião de orientação pré-viagem, além da assistência da agência e do sponsor na Holanda durante todo o programa. Quanto as passagens, que são de responsabilidade da au pair, a família deve fazer o reembolso da passagem da candidata em até €1.200,00 pagos mensalmente em parcelas máximas de €100,00. A família também deve prover uma bolsa de estudos de até €320,00 para a au pair fazer um curso de idiomas. Em relação ao visto, Suélen explica: "O visto é feito pela agência, mas a au pair precisa ir no consulado aqui no Brasil pra entregar o passaporte e uma foto. Se eu não me engano pagamos apenas a taxa de correio pra receber o visto em casa."

"No geral eu tive um ano excelente, viajei muito, aproveitei muito a cidade, fiz ótimas amizades e desenvolvi uma relação de carinho muito grande com as minhas kids. Ao final até conversamos sobre como o ano passou rápido e como deveríamos ter aproveitado mais tempo juntos pois não sabíamos quando teríamos uma oportunidade novamente." - Isabella Kawassaki

Ambas ex-au pairs mantem contato com as suas ex-host families e recomendam o programa de au pair na Holanda. "Eles são ótimos em manter contato, temos um grupo no WhatsApp em que está eu e mais 3 outras au pairs deles. Todas brasileiras. Agora eles estão com uma canadense e parecem que estão amando. A experiencia no geral é maravilhosa!!" recomenda Suélen. Já Isabella diz: "Em 2017 eu fui a Holanda de férias e os visitei. Fui muito bem recebida e fiquei chocada com como as crianças cresceram. Eles têm au pairs até hoje, pois mesmo que todos eles já sejam praticamente adolescentes os pais não gostam de deixá-los sozinhos durante o dia inteiro. Então preferem manter uma au pair pra saber que sempre tem um adulto responsável a disposição para resolver qualquer emergência na rotina."