Host families não respeitam regras do programa de Au Pair
"Au Pair, não escrava" Fonte: The Local |
Os problemas mais comuns são as 45 horas de trabalho que não são respeitadas e as horas extras não serem pagas. Os horários de trabalho flexíveis também impedem que a au pair tenha um dia e meio de folga, como é obrigatório pelo regulamento do programa. Esses problemas são evidenciados quando um dos pais trabalha em casa, inibindo a liberdade da au pair durante o trabalho e diminuindo sua autoridade em relação às crianças. Mariana Nicodemos, ex-au pair em São Francisco, Califórnia, teve uma experiência não tão agradável pelo fato de ambos host parents ficarem em casa durante o dia enquanto ela trabalhava. As crianças, de 2 e 4 anos de idade, constantemente ignoravam a au pair e iam diretamente aos pais, que estavam trabalhando e não tinham disponibilidade para ficar com eles.
"Sua au pair se torna uma "irmã mais velha" para seu filho."
Fonte: Cultural Care Au Pair
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Já Maíra Galvão passou por problemas mais sérios. Foi au pair em três famílias diferentes, e além de sempre trabalhar acima das 45 horas semanais, foi vítima de agressões verbais durante o período do intercâmbio. A primeira família, em Chicago, era composta por uma mãe solteira e o filho de 7 anos. A host mother humilhava a au pair constantemente, deixando anotações nas comidas para que Maíra não comesse, gritando com ela e a rebaixando por ser brasileira e vir de um país de terceiro mundo. Após o rematch, Maíra foi para Atlanta cuidar de 5 crianças em uma família de judeus. Além das diferenças culturais, a família começou a pagar a au pair com cheques sem fundos abaixo do valor estipulado pelo regulamento e sempre atrasavam os pagamentos. A host mother ora a tratava como filha, ora a humilhava e gritava com ela, até que Maíra foi expulsa de casa no meio da noite, sem ter aonde ir."Lembro de um festival que eu estava de folga, nos encontramos no parque sem querer e o host pediu pra eu trocar a fralda do mais novo... fingi que não estava escutando e saí na hora!". - Mariana Nicodemos
Embora o programa de au pair seja vendido como um intercâmbio de trabalho e estudo, Maíra não conseguiu estudar devido ao trabalho. "Não cheguei a estudar lá porque os horários não davam, já que a agenda era toda picada, e o valor da bolsa de estudos não dava para estudar. É claramente um programa sem regras claras, e ninguém segue as regras. Não é um programa de estudos e sim de trabalho, trabalho péssimo.". A forma como as agências americanas vendem o programa para as host families corrobora com essa realidade. As famílias não tem conhecimento que as au pairs pagam para estar lá, e acreditam estarem as resgatando de um país subdesenvolvido para proporcionar uma experiência de vida melhor. Acreditam que as au pairs devem agir como parte da família em todos os momentos, e se indignam quando elas preferem não trabalhar aos fins de semana, ajudar na limpeza pesada da casa e cozinhar para a família inteira.
No grupo de au pairs no Facebook, é comum denúncias de host families que não respeitam as regras do programa, e os posts servem como aviso para as meninas que ainda estão no processo de conversar com as famílias. Um arquivo que é constantemente atualizado com os sobrenomes das famílias "perigo", a cidade onde moram e a agência que fazem parte ajudam as au pairs a localizarem eventuais famílias que possam estar com seu application.
Julia Scariot, que está online para as famílias e aguardando o match, colheu depoimentos de algumas atuais e ex-au pairs postados no grupo. As au pairs contam que sofreram abusos diversos das host families, com regras absurdas de convivência e trabalho, e Julia fez um vídeo explicativo sobre o assunto em seu canal no Youtube, Easy Au Pair, onde pretende documentar todo o processo do seu intercâmbio.
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